No primeiro volume conhecemos Rodión Raskólnikov, um
estudante que comete um assassinato e depois passa o livro todo tentando
justificar e esconder seu crime. Num primeiro momento sentimos pena dele,
depois o temos na conta de louco, maluco e depois de uma pessoa excêntrica
pendendo para a loucura, mas muito inteligente.
Na história também aparecem um amigo dedicado de
Raskólnikov, Razumíkhin. A mãe Pulkeria e a irmã Dúnia, de Rasko. Há ainda o
noivo de Dúnia, a família pobre de Marmeladov casado com Ekaterina, cuja a filha mais velha Sonia,
se prostitui para sustentar a família do
segundo casamento de seu pai.
Enfim há muitos personagens, com intrincadas personalidades
e psicologias. Nessa primeira parte da obra conhecemos nosso protagonista que
veio de uma pequena cidade para estudar em Petersburgo e
depois de deixar os estudos por falta de emprego e dinheiro para prossegui-los,
resolve matar a velha Ailóna, a quem empenhava alguns bens para obter dinheiro.
Com a morte dela pensava roubar-lhe parte da fortuna para continuar sua vida.
Porém as coisas não saem bem como o previsto, mas ele consegue escapar sem que
ninguém o veja. Ródion tem uma teoria de que no mundo existem dois tipos de pessoas, as ordinárias que são como rebanho e que segue tudo o que lei dita e os extraordinários que estão acima da lei, como Napoleão, que pode matar milhões numa guerra e não serem punidos, ao contrário são idolatrados. E Raskólnikov começa a questionar se ele não seria uma pessoa "extraordinária". Ele precisa testar isso!
No começo não acreditamos que ele será capaz de cometer o
crime, pois mostra numa luta interior se deve ou não fazê-lo. Depois que ele
comete o crime chega a adoecer por estresse e medo e passamos da piedade para a
ideia de que ele enlouqueceu. Neste meio tempo acontecem pequenas história
paralelas que nos apresentam a família Marmeladov e sua triste história de
decadência, e também conhecemos a mãe e a irmã de Rodión, que vem a São
Petersburgo, porque Dúnia irá se casar. Porém seu irmão, achando que ela está
querendo casar-se apenas para melhorar a vida dele e de sua mãe, não aceita a
situação, ao mesmo tempo em que delira em pensamentos sobre seu crime e descobre o canalha que o noivo dela é.
No segundo volume a história continua com os mesmos dilemas, mas Rodión começa a se sentir perseguido e algumas pessoas começam a desconfiar dele. Outros descobrem de maneiras diversas que ele é o assassino. As histórias se entrelaçam e tem um fim interessante, que você vão descobrir ao ler Crime e Castigo.
Quando pensei ler Crime e Castigo, tinha muito receio de
achar o romance difícil, enfadonho, mas me surpreendi com Dostoiévski. A
tradução de Rosário Fusco é muito boa e de fácil compreensão e o autor tem um
grande talento para nos fazer viver a história junto com os personagens. A cena
em que ele descreve um sonho de Raskolnikov sobre uma pobre égua magricela que
é espancada até a morte por não conseguir arrastar um carroção lotado de gente,
é tão vívido que sentimos na pele a dor do animal e nos indignamos com o dono
da mesma e com as pessoas que não fazem nada para evitar a tragédia, mesmo
sabendo que é apenas um sonho. É fantástico!
O autor
Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski nasceu em 30 de outubro de
1821, em Moscou. Seu
pai era médico e sua mãe dona de casa. Na adolescência seu pai o mandou junto
com o irmão Mikhail para São Petersburgo para estudar na Academia de Engenharia
Militar e só depois da morte do pai pode se dedicar ao que realmente gostava,
que era a literatura.
Estreou com o romance Gente Pobre, publicado em 1846 que
permitiu que vivesse da literatura. Porém seu segundo romance O Duplo não teve
o mesmo acolhimento e ele acabou se isolando da comunidade literária. Nesse
ínterim passou a frequentar reuniões políticas na casa de um amigo, e crítico
feroz da servidão na Rússia, acaba preso e condenado a morte. Mas no último
instante tem sua pena comutada para quatro anos de prisão com trabalhos
forçados na Sibéria. Dessa experiência escreveria Recordações da casa dos
Mortos.
Com a morte de Nicolau I, sobe ao trono Alexandre II, que
abole a servidão e permite aos prisioneiros intelectuais a volta para casa.
Retorna do exílio casado e com um enteado, e tem que recomeçar do zero sua vida
literária. Em seguida dois golpes da vida, a morte de sua mulher Maria
Dmítrievna e do irmão preferido Mikhail. Desse momento em diante surgem os mais
impressionantes romances de sua obra. Também nessa fase casa-se pela terceira
vez e tem dois filhos com Ana Grigórievna. Torna-se um jogador compulsivo.
Morre aos 60 anos, em janeiro de 1881, respeitado e adorado pelos russos.
Principais publicações:
Crime e Castigo
O Eterno Marido
Gente Pobre
Humilhados e Ofendidos
O Idiota
Os Irmãos Karamazov
Noites Brancas
Notas do Subterrâneo
O Duplo
O Jogador
O Pequeno Herói
Os Demônios
Recordações da Casa dos Mortos
Outras resenhas:
Em vídeo:
Blogdelinks - depoimento de Olavo Carvalho
aViviu - com spoilers
Em Blog:
Lindo Cintia. Se não tiver lido "O Jogador", leia. Tenho certeza que ai se identificar com a adoração pelo risco, no seu caso, muito mais saudável.Bj da Eliz
ResponderExcluirCom certeza vou ler mais Dostoievski, mas agora minha pilha de leitura está gigante e preciso dar um jeito nela (risos). Estou lendo "Breve história de quase tudo" e "Os Três Mosqueteiros" (esse é releitura). Obrigado pela sua visita ao blog. Bjs.
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