Publicado pela Editora Globo em 2006. Possui 392 páginas.
Tradução de Claudia Abeling.
Um excelente livro que fala sobre a importância de algumas
obras dentro do seu contexto no mundo. Cristiane conta de forma divertida e
agradável porque ler determinados livros.
Na introdução do livro ela nos pergunta qual preferimos
Shakespeare ou Berti Karsunke. Mas quem diabos é Berti Karsunke? Na verdade é
um nome inventado, mas o que ela quer dizer é que as pessoas fazem as escolhas
que preferirem. Ninguém deve ser punido por não querer banhar-se em cultura. Se
alguém prefere ir encontrar-se com um amigo num barzinho ao invés de bater um
papo com Shakespeare num restaurante, não dever perseguido ou julgado por isso,
afinal quem está perdendo com isso é a própria pessoa.
É interessante um trecho que ela menciona que “quem não satisfaz
sua necessidade de fantasia com os livros antes de assistir a televisão, não
desenvolve hábito de leitura forte” e explica porque.
Ela ainda diz que antigamente você tinha na escola uma orientação
sobre suas leituras para que pudesse galgar o conhecimento como numa montanha até
chegar ao topo do conhecimento. Hoje o conhecimento deixou de ser montanha e
passou a ser mar, e muitos se perdem nesse mar de informações sem nenhum
equipamento de orientação ou mapa do caminho. Por isso o livro que ela escreve
se até apenas a tradição europeia. Ou seja, ela só fala de obras escritas por
europeus, o que não quer dizer que não tenhamos excelentes escritores fora
desse continente.
Cristiane divide seu livro em 15 temas: ‘Obras que descrevem
o mundo', 'Amor', 'Política', 'Sexo', 'Economia', 'Mulheres', 'Civilização',
'Psique', 'Shakespeare', 'Modernos', 'Clássicos virtuais', 'Livros cult',
'Utopia - Mundo cyber', 'Crianças’.
Em Obras que descrevem o mundo o primeiro livro citado é a
Bíblia. Sim, ela dá sua explicação de porque é um livro que não pode deixar de
ser lido. Curioso? Leia o livro e descubra! Depois ela segue com Homero, Dante
Alighieri, Miguel de Cervantes, Goethe, Balzac, Melville e James Joyce. Todos
falando sobre o mundo.
No tema Amor ela escolhe obras como Tristão e Isolda, Romeu
e Julieta, Ligações Perigosas, Orgulho e Preconceito, Madame Bovary, entre
outras. Em Política alguns autores citados são Maquiavel e Marx. Sobre Sexo,
não podia faltar menção ao Marques de Sade.
Na Economia voltamos a ver Marx e curiosamente a obra famosa
de Daniel Defoe ‘Robinson Crusoé’. É muito interessante a interpretação dessa
obra sobre esse tema.
Para falar das mulheres nada melhor que ‘O Segundo Sexo’ de
Simone de Beauvoir. E curioso, Mary Wollstonecraft foi uma ativista feminista e
era nada menos que a mãe da autora da famosa obra Frankestein. Pena que não
viveu para ver o sucesso da filha.
Para descrever a Civilização ela cita Molière, Rousseau,
Diderot e Thomas Mann entre outros. E para explicar a Psique fala de Freud, Montaigne,
Proust e mais alguns.
Depois ela entra no mérito de porque ler as obras de
Shakespeare e sua importância para o mundo. Em seguida fala sobre os Modernos:
Woolf, Eliot, Mann, Kafka, Döblin, Musil e Beckett. Dos Clássicos Triviais
explana sobre as obras: Frankestein, Drácula, Sherlock Holmes, ...E o Vento
Levou e Winnetou.
Sobre Livros Cult tem a vez Os sofrimentos do jovem Werther,
O apanhador no campo de centeio, On the road, O lobo da estepe, e Geração X.
Como Utopia, discorre sobre A utopia de More, Francis Bacon,
Tommaso Campanella, Well, Huxley, Orwell, Stanislaw lem e Gibson.
E finalmente sobre Crianças não podia deixar de faltar os adoráveis
Charles Dickens e Mark Twain, além de Rosseau, Carroll, Lindgren e J. K.
Rowling né? Harry Potter já é um clássico infanto-juvenil.
Todos os textos são instigantes e trazem curiosidades e
coisas interessantes, mas infelizmente são cheios de spoilers. Ela destrincha
algumas obras até o final e conta sem nenhum pudor o final da história. Então
na minha opinião é um bom livro para entender melhor o valor de algumas obras,
mas se pretende lê-las sugiro que pule os textos que falam dos livros que ainda
não leu.
No final do livro temos a inclusão de um texto sobre Machado
de Assis escrito João Adolfo Hansen, professor do departamento de Letras
Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo. Confesso que foi a parte
mais maçante do livro. E não por causa de Machado é claro, mas porque o estilo
do autor é muito diferente de Cristiane Zschirnt, o que causa um certo
estranhamento, e também achei teórico e técnico demais para leigos. Ele faz
análise do estilo de leitura e usa um linguajar que pra mim foi quase
indecifrável. Um exemplo:
“A sintaxe gramaticalmente pura pareceria prever apenas
significações claras, definidas ou unívocas; mas é justamente o que não ocorre,
pois a escrita é construída como divergência de sintaxe e semântica.”
What???? Se eu fosse professor ou estudante de literatura
talvez entendesse o que ele quis dizer, mas pra um leigo que importância tem
isso? Ele explica a obra na visão da literatura, mas não diz a importância dela
para o público em geral que não está pleiteando um lugar na Academia de Letras.
Mas no geral o livro é muito bom, e pra quem não se importa
com spoilers, os textos instigam a ler o livro, você sente vontade tirar suas
próprias conclusões da leituras das obras citadas. Vale muito a pena.
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