quinta-feira, 23 de maio de 2013

Crime e Castigo - Fiódor Dostoiévski...






No primeiro volume conhecemos Rodión Raskólnikov, um estudante que comete um assassinato e depois passa o livro todo tentando justificar e esconder seu crime. Num primeiro momento sentimos pena dele, depois o temos na conta de louco, maluco e depois de uma pessoa excêntrica pendendo para a loucura, mas muito inteligente.


Na história também aparecem um amigo dedicado de Raskólnikov, Razumíkhin. A mãe Pulkeria e a irmã Dúnia, de Rasko. Há ainda o noivo de Dúnia, a família pobre de Marmeladov casado com Ekaterina, cuja a filha mais velha Sonia, se prostitui para sustentar a família do segundo casamento de seu pai.

Enfim há muitos personagens, com intrincadas personalidades e psicologias. Nessa primeira parte da obra conhecemos nosso protagonista que veio de uma pequena cidade para estudar em Petersburgo e depois de deixar os estudos por falta de emprego e dinheiro para prossegui-los, resolve matar a velha Ailóna, a quem empenhava alguns bens para obter dinheiro. Com a morte dela pensava roubar-lhe parte da fortuna para continuar sua vida. Porém as coisas não saem bem como o previsto, mas ele consegue escapar sem que ninguém o veja. Ródion tem uma teoria de que no mundo existem dois tipos de pessoas, as ordinárias que são como rebanho e que segue tudo o que lei dita e os extraordinários que estão acima da lei, como Napoleão, que pode matar milhões numa guerra e não serem punidos, ao contrário são idolatrados. E Raskólnikov começa a questionar se ele não seria uma pessoa "extraordinária". Ele precisa testar isso!

No começo não acreditamos que ele será capaz de cometer o crime, pois mostra numa luta interior se deve ou não fazê-lo. Depois que ele comete o crime chega a adoecer por estresse e medo e passamos da piedade para a ideia de que ele enlouqueceu. Neste meio tempo acontecem pequenas história paralelas que nos apresentam a família Marmeladov e sua triste história de decadência, e também conhecemos a mãe e a irmã de Rodión, que vem a São Petersburgo, porque Dúnia irá se casar. Porém seu irmão, achando que ela está querendo casar-se apenas para melhorar a vida dele e de sua mãe, não aceita a situação, ao mesmo tempo em que delira em pensamentos sobre seu crime e descobre o canalha que o noivo dela é.

No segundo volume a história continua com os mesmos dilemas, mas Rodión começa a se sentir perseguido e algumas pessoas começam a desconfiar dele. Outros descobrem de maneiras diversas que ele é o assassino. As histórias se entrelaçam e tem um fim interessante, que você vão descobrir ao ler Crime e Castigo.

Quando pensei ler Crime e Castigo, tinha muito receio de achar o romance difícil, enfadonho, mas me surpreendi com Dostoiévski. A tradução de Rosário Fusco é muito boa e de fácil compreensão e o autor tem um grande talento para nos fazer viver a história junto com os personagens. A cena em que ele descreve um sonho de Raskolnikov sobre uma pobre égua magricela que é espancada até a morte por não conseguir arrastar um carroção lotado de gente, é tão vívido que sentimos na pele a dor do animal e nos indignamos com o dono da mesma e com as pessoas que não fazem nada para evitar a tragédia, mesmo sabendo que é apenas um sonho. É fantástico!


O autor
Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski nasceu em 30 de outubro de 1821, em Moscou. Seu pai era médico e sua mãe dona de casa. Na adolescência seu pai o mandou junto com o irmão Mikhail para São Petersburgo para estudar na Academia de Engenharia Militar e só depois da morte do pai pode se dedicar ao que realmente gostava, que era a literatura.

Estreou com o romance Gente Pobre, publicado em 1846 que permitiu que vivesse da literatura. Porém seu segundo romance O Duplo não teve o mesmo acolhimento e ele acabou se isolando da comunidade literária. Nesse ínterim passou a frequentar reuniões políticas na casa de um amigo, e crítico feroz da servidão na Rússia, acaba preso e condenado a morte. Mas no último instante tem sua pena comutada para quatro anos de prisão com trabalhos forçados na Sibéria. Dessa experiência escreveria Recordações da casa dos Mortos.

Com a morte de Nicolau I, sobe ao trono Alexandre II, que abole a servidão e permite aos prisioneiros intelectuais a volta para casa. Retorna do exílio casado e com um enteado, e tem que recomeçar do zero sua vida literária. Em seguida dois golpes da vida, a morte de sua mulher Maria Dmítrievna e do irmão preferido Mikhail. Desse momento em diante surgem os mais impressionantes romances de sua obra. Também nessa fase casa-se pela terceira vez e tem dois filhos com Ana Grigórievna. Torna-se um jogador compulsivo. Morre aos 60 anos, em janeiro de 1881, respeitado e adorado pelos russos.

Principais publicações:
Crime e Castigo
O Eterno Marido
Gente Pobre
Humilhados e Ofendidos
O Idiota
Os Irmãos Karamazov
Noites Brancas
Notas do Subterrâneo
O Duplo
O Jogador 
O Pequeno Herói
Os Demônios
Recordações da Casa dos Mortos

Outras resenhas:

Em vídeo:
Blogdelinks - depoimento de Olavo Carvalho
aViviu - com spoilers

Em Blog: